sábado, 12 de janeiro de 2013

Não Olhe Para Trás


 Medo. Foi o que fez o seu coração disparar mais forte. A decisão estava tomada. Ela precisava sair daquele lugar, tomar outros caminhos e começar uma nova vida.
  
Ela olhou a sua volta, as paredes já descascadas pelo tempo, o basculante de metal azul –  sem vidro –,  o cheiro de manga que impregnava toda a casa e a fazia lembrar do balanço que ficava pendurado na mangueira quando ela era pequena. Tudo a fazia lembrar que nunca mais veria aquela casa. A nostalgia, um sentimento agridoce, apertava o seu coração.
   
Aquele desconhecido futuro não era completamente certo, mas ela sabia que era para ele que deveria correr. Nada que vinha dele era concreto, apenas sombras incertas. E todos sabem que as sombras são facilmente extinguidas quando postas à luz, como num sol de meio-dia. Porém, era preciso se lançar na escuridão para alcançar a luz que dissiparia todas as incertezas.
    
O medo e a esperança se misturavam e a faziam ter vertigem. Como pode uma pequena decisão, de ir ou não ir, ter o poder de modificar uma vida? O que mudaria na vida dela a partir da escolha que fizesse? As dúvidas eram tantas; as certezas, nenhuma. 

 Disse para si mesmo que seria forte. Tomou as suas malas, trancou a porta e caminhou em direção ao portão. A cada passo que dava lembranças, que mais pareciam fantasmas, voltavam a atordoar a sua mente. Risos, brincadeiras, conversas, brigas... Pareciam reais, mas eram apenas lembranças.
    
Ela não se conteve, virou-se para trás. Não conseguia mais voltar para o seu caminho. Parecia estar hipnotizada pela casa e por tudo que ela viveu ali. E assim ficou aprisionada ao passado, como uma estátua de sal.

domingo, 8 de julho de 2012

O Rei-Dragão- 1ª Antologia AIL Editora


(Imagem com o intuito apenas de ilustrar o post - Fonte: Google)

"A lua estava sangrenta naquela noite. Um manto avermelhado a cobria, como um presságio de morte. Eu me lembro perfeitamente daquela noite. Aquela lua, nunca vi nada igual. Tenho pesadelos com essa mesma noite. Não importa o que eu faça, a lua de sangue parece tomar conta de mim, toda noite.
Foi quando aconteceu.

Uma leva deles, um exército.

Surgiram inesperadamente, silenciosos, famintos e mortais. Sua superioridade bélica sobrepujou as armas humanas no calor da batalha. Os demônios de pele alva, surgiam das trevas, da floresta desconhecida, o sangue humano em suas vestes, unido ao macabro luar, tornava em rubro sua pele albina, dando-lhes um aspecto sinistro.

Ninguém sabe o que aconteceu aquela noite, ou porque atacaram. Mas foram afugentados por uma tropa de homens bravos, que deram sua vida para proteger seu reino, e foram afugentados, sobretudo, pela figura de um homem, o qual ter sangue de dragão correndo em suas veias.

Este homem era Rei Claus - O Dragão. Ele que comandou as tropas e lutou bravamente, usando de inteligência e estratégia para vencer a superioridade élfica. Derrotados, os demônios de pele alva voltaram para a floresta e por dez anos nunca mais se ouviu falar deles.

Neste meio tempo, um reino de terror foi instituído, o rei se tornou um tirano e o povo cada vez mais oprimido. Assolados pela fome, pela peste e por espíritos e divindades brincalhonas da floresta, os camponeses ainda têm que enfrentar a tirania do rei e de seus cavalheiros. Seu choro e lamento pode ser ouvido ecoando em todos os cantos do reino, em todos os vilarejos e cidadelas.
Muitos são obrigados a trabalhar até o esgotamento, em condições precárias, por mais de doze horas diárias, na construção da enorme muralha que cerca o reino e de monumentos ao rei, além de uma imensa equipe de escavação de uma gruta, à procura de um mineral vermelho que se pareça com o que o rei utiliza em sua coroa, sem sequer saber o motivo por trás disso."



Então você, ALUNO, EX-ALUNO, PROFESSOR OU FUNCIONÁRIO DO IFF DE QUALQUER CÂMPUS, envie seu conto para o e-mail oreidagao@hotmail.com. Cada conto deve mostrar a vida de um camponês em alguma região desse grande reino e relatar o sofrimento e os abusos sofridos. Pode apresentar aspectos mágicos, mas a magia não é central, tratando-se de baixa fantasia, ou mesmo ficção histórica.

Quero ver bastante sangue e sofrimento nisso daí. Imagino que a primeira pergunta será: "Qual o limite de caracteres?"

Seguinte, não queria estipular um limite não, mas tendem não se estender muito, lembrem-se que são contos e que tem que sobrar espaço para outros autores. Eu vou estipular o limite simbólico de 18.000 caracteres , mas sejam cautelosos para não chegarem à tanto. Um conto de 14.000 caracteres no máximo seria o ideal.

Para definir melhor as nossas propostas:

O que queremos é um relato do dia-a-dia dos moradores da vila. Por que? Porque acho que isso agrada à maior parte dos autores, desde os mais "pé-no-chão" até os mais "viajantes". Mas lembrem-se, deve haver referências ao rei-dragão e à sua perversidade. Como isso? Servem referências sutis, como frases e ditados populares nos diálogos, como por exemplo "não faça isso, o olho do dragão tudo vê". Podem ser perversidades provocadas pelos guardas do rei, abusando do poder, oprimindo os moradores da vila, violentando as mulheres, mutilando crianças, comendo a cabeça delas com cereal no café-da-manhã e bebendo seu sangue... Eu não sei, a imaginação é de vocês! Pode ser um camponês ou grupo de camponeses tentando iniciar uma revolta infrutífera. Ou pode ser como eu já disse, algo que não tenha nada a ver com o rei em si, mas que haja alguma referência mínima à ele. Pode ser também algo que explore alguma lei absurda, ou simplesmente o drama de uma família de camponeses que passa fome devido aos altos impostos. Ou uma caça às bruxas, ou o que acontece aos camponeses que não conseguem pagar esses impostos, ou à algum ladrão ou condenado qualquer. Enfim, as possibilidades são muitas.



Uma boa ideia é explorar a área de mineração, a precariedade do trabalho, as mortes no local, os desabamentos, a busca pelo estranho mineral vermelho e as especulações acerca de seus poderes. Pode se tratar também dos elfos (chamados "Demônios de Pele Alva") que vivem além da floresta, mas sem se aprofundar muito, pode mostrar o respeito que, apesar de tudo, os camponeses mantem com o seu rei, por tê-los livrado destas terríveis criaturas, ou pode narrar um jovem que se perdeu na floresta e se deparou com um desses seres ou pode observá-los ao longe. Porém preferimos que não haja muito contato direto, isso acontece porque queremos criar um romance o Lua de Sangue, baseado neste mesmo mundo, e devemos evitar paradoxos ( http://luadesangue-ail.blogspot.com.br/ ).

Não perca a chance de ajudar o grupo de escritores do Instituto Federal Fluminense e ainda ter seu primeiro conto publicado!
OBS.: Peço que enviem em .doc ou pdf, arquivos fáceis de serem lidos, revisados, editados. Ainda não sabemos quanto vai sair o preço de 20 exemplares, mas acredito que por volta de 120 reais, o que daria 6 reais por exemplar, podendo dar um lucro grande na venda. Vendendo vinte exemplares por vinte reais (o que é fácil e rápido), o autor lucraria 280 reais. Nunca vi um lucro tão grande em antologias. Mas isso é só uma estimativa, precisamos de um orçamento com a gráfica, para tanto, precisamos de uma estimativa da quantos autores estariam interessados.

Então, independente do custo, gostaria que me enviassem seus contos, os custos serão vistos depois. Vocês não estão concordando em pagar nada ao enviar os contos, só queremos já fazer uma seleção e lista de espera para saber qual será o tamanho do livro e verificar a sua qualidade.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Apocalipse de Coelhos Zumbis de Willian Eloy, parte II

Cinco anos depois.

- Seja bem vindo, como você já sabe foi selecionado por ser o melhor, e nós não esperaremos menos que isso. As pesquisas aqui realizadas são extremamente secretas e não devem sair daqui. – Um homem baixo com cabelos grisalhos e uns óculos que aumentava o tamanho de seus olhos, estava com um jaleco que outrora fora branco, mas agora era de um amarelo estranho. – Fui compreendido?

- Perfeitamente, Dr. Kevin. – Respondeu prontamente o jovem com as melhores notas da faculdade. Possuía cabelos negros lisos e longos, uma barba grossa e com braços fortes de alguém que provara o verdadeiro trabalho duro.

- Ótimo, sem rodeios quero lhe mostrar nosso principal projeto, venha comigo e evite perguntas que eu não quero responder.

Por pouco, Eduardo não perguntara que perguntas seriam, mas sabia que aquilo poderia não ser uma boa ideia.

Estavam a algumas quadras da faculdade de engenharia química, uma das mais conceituadas do Brasil, talvez de todas as Américas. Eduardo fora um garoto que entrou em primeiro no vestibular há dois anos e tem sido vigiado secretamente. De família pobre, se esforçou ao máximo para realizar seu sonho, e o entrar na faculdade era o primeiro passo.

No caminho, passaram por várias portas de laboratórios com símbolos que representavam algum tipo de perigo, Eduardo estava impressionado com o tamanho daquele local, já estavam andando há vários minutos e quanto mais andavam mais corredores e portas surgiam. Até que Dr. Kevin parou de frente a uma porta enorme, cinza com uma listra amarela e preta no centro.

Dr. Kevin passou o cartão que possuía no preso como colar em um identificador ao lado da porta e colocou uma senha (que Eduardo olhou e gravou automaticamente). A porta começou a se abrir como nos filmes, e uma fumaça branca começou a escapar de dentro daquele lugar estranho.

- Uau. – Disse Eduardo bem baixinho, para que somente ele escutasse.

O professor que já estava adentrando olhou para trás.

– Vai ficar parado aí olhando de boca aberta ou vai entrar?

Eduardo se apressou a seguir o professor. Ao adentrar o local sentiu um frio enorme e reparou que o chão era coberto de uma camada espessa de vapor branco gelado que imaginou vir de algum sistema de refrigeramento.

- Pegue isso, garoto. – E lhe passou um jaleco quase tão amarelo quanto o do Dr. Kevin. – Isso vai impedir que você congele.

Eduardo se vestiu rapidamente e agradeceu. O professor andava a alguns passos na frente e ele o seguia. Eduardo olhou para frente e viu inúmeras jaulas, e ao se aproximar reparou no que havia dentro delas. Cada jaula parecia ter três ou quatro coelhos, dos mais diferentes tipos e cores. Reparou também que todas as jaulas eram revestidas de vidro e um cano na parte de trás parecia ser a fonte de oxigênio dos animaizinhos.
Parou um pouco e deu dois toques com o indicador no vidro e um coelho albino o observou com grandes olhos vermelhos, enquanto mastigava um pedaço de cenoura. Eduardo deu um pequeno sorriso e continuou seguindo o professor. 

Quando ele começou a achar que o lugar era infinito, tão infinito quanto o número de coelhos que estavam nas inúmeras jaulas, o professor parou e apontou uma bancada. Nela estavam vários itens que conhecia muito bem e foi tomando notas mentais sobre eles, bico de Bunsen, quatro bequers, duas provetas, uma pipeta suja, duas buretas, suportes universais e, além da bancada, que parecia ser de mármore, havia um armário de vidro com vidros de relógio, funis e varetas de vidro.

O professor pediu que se aproximasse.

- Se lembra do exército que entrou na floresta amazônica há alguns anos atrás, aproximadamente cinco anos?

- Se refere de quando o governo entrou na mata para afastar os integrantes da FARC, que estavam começando a se estabelecer lá?

- Ótimo, vejo que tem boa memória e que via jornal. Agora preste atenção no que vou te dizer, isso tudo é mentira. Não havia ninguém da FARC se escondendo por lá, o real motivo é totalmente diferente.

- Eu ouvi teorias, que afirmavam desde a presença de óvnis até uma arma do governo que saiu de controle na mata.

- A segunda afirmação chega bem perto disso, rapaz. A verdade é que cientistas estavam produzindo uma nova droga com base em um microrganismo que só era encontrado por aquelas áreas, onde poucos, ou nenhum, homens caminharam.

“Um grupo que se denominava Sabbatini, por volta de cinco ou seis anos atrás, havia descoberto um vírus que vivia nas bromélias da Amazônia. Ao estudar tal vírus descobriram que possuía um tipo de reação em organismos pluricelulares. Eles colocavam esse vírus em animais da própria floresta, mas na maioria não acontecia nada, mas naqueles que apareciam resultados a taxa de endorfina subia a níveis inacreditáveis.
Não muito depois entraram em contato com uma tribo isolada no coração da mata e em troca de bebidas e tecnologias para eles desconhecidas conseguiram alguns índios para fazer experiências. Os indígenas os consideravam deuses, era uma tribo avançada, mas nunca tivera contato com outros humanos antes. Para eles o mundo era aquela extensão de verde que conseguiam ver. Para os Sabbatini foi fácil conseguir o que queriam.

Aos poucos montaram um laboratório, como eu só imagino possibilidades, apesar de loucos, eles eram inteligentes. Seja qual fosse seu gerador de energia, era muito forte, dizem que eles usavam um gerador nuclear, acho bem provável. A questão é que eles possuíam um vírus desconhecido, tecnologia para estuda-los e, o mais importante, material para servir de teste.

Os efeitos foram incríveis, se ela chegasse à civilização poderia viciar na primeira utilização. O prazer era sem igual, pessoas matariam por aquilo e mesmo assim seria vendida como água. Os problemas foram surgindo depois, os indígenas utilizados começaram a ter um comportamento violento, o que eles consideraram normal, pois as drogas têm dessas coisas. Esses que se tornavam violentos acabavam lutando contra os cientistas e eram mortos. Alguns outros depois de várias utilizações ficavam com olhos vermelhos e alguns dias depois se tornavam tão violentos quanto monstros, perdiam a consciência de forma total e matavam por nenhum motivo aparente.

Alguns estudos foram feitos encima dessas pessoas e foi descoberto que os níveis de estresse e raiva subiam tanto quanto a endorfina, só que o efeito da endorfina passava depois de oito horas, a raiva e estresse não passavam. Ficavam acumuladas e explodiam de uma vez só.

Havia um outro grupo, recluso a meia dúzia de pessoas, também, alguns submetidos a droga não se viciavam e nem apresentavam efeitos colaterais e com base nesses eles tentaram produzir alguma medicação que aniquilasse os efeitos colaterais do vírus tratado. Mas todas as pesquisas foram quase em vão, nada do que tentavam surtia resultados bons. A melhor medicação que fizeram curava aproximadamente um em quarenta das pessoas com surtos de raiva assassina, e mesmo assim, essas pessoas tratadas se tornavam irritadiças e nervosas, apesar de não se tornarem mais assassinas brutais.

Só uma coisa ficou de fora nos cálculos dos Sabbatini, a contaminação. Qual quer um, dentre os que poderiam ser infectados, que recebesse qual quer tipo de fluidos corporais, desde o suor ao sangue, de alguém que teve contato com o vírus o alojava em seu corpo e continuavam a agir normalmente.
Um dia começaram a sumir pessoas, os cientistas fizeram uma busca e somente encontraram alguns dos corpos mortos e a cada dia que se passava mais pessoas desapareciam e outras apareciam mortas. Os habitantes começaram a se revoltar com os “deuses”, que por sua vez aumentaram a segurança de sua sede e começaram a investigar.

Após fazer o relatório de pessoas desaparecidas, puderam ver que nenhuma havia tido contato com a droga, e cogitaram a contaminação interpessoal. Fizeram vários tipos de testes diferentes até que um deu resultado. Eles prenderam um usuário macho ainda sem os olhos vermelhos com uma fêmea que não se utilizara da droga. E depois de eles terem se relacionado sexualmente os separaram.

Como a média, o macho se tornou agressivo em extremasia e nada ocorreu com a fêmea no mesmo momento, mas os cientistas o mantiveram presos para ver o que aconteceria em longo prazo. Algumas semanas depois a fêmea começou a adotar um comportamento estranho, apenas um olho se tornou vermelho e ela começou a agir de maneira irrequieta, estava sempre andando de um lado para o outro e comia várias vezes o que qualquer pessoa de seu peso comeria normalmente, além de quebrar com uma facilidade estranha todos os itens que eram dados à ela.

Os cientistas decidiram colocar o casal junto novamente, e foi aí que descobriram a realidade. O macho foi algemado nas pernas e nos braços, pois estava agressivo e foi lançado dentro da sela da fêmea. Eles abriram remotamente as algemas, que caíram no chão entre os pés da criatura agressiva. Para a surpresa dos cientistas a fêmea o atacou, após segurar em seu pescoço o arremessou na parede e começou a fazer sons que pareciam risadas de loucura. Enquanto o macho se levantava ela pegou um par de algemas que estavam no chão e, derrubando com força surpreendente o macho de volta ao chão, as prendeu conectando um braço esquerdo com a perna direita pelas costas. O macho gritou, se debateu até cansar, isso demorou quase três horas, enquanto a fêmea ficava só olhando e soltando aqueles sons de risada.

Quando todas as forças do macho se foram ela o chutou várias vezes, mas ele não conseguia nem mais se mover. Foi quando ela voltou e pegou o outro par de algemas. O segurou no pescoço novamente e o levantou, apertou tão forte que o pescoço diminuiu de tamanho, com a outra mão prendeu uma algema no pescoço dele, e o soltou. Novamente o macho começou a se debater e logo morreu. A fêmea não satisfeita continuou batendo o corpo até que estivesse irreconhecível. A sela ficara completamente suja de sangue e no final ela comeu alguns órgãos que estavam espalhados pelo chão.”

- Os cientistas reclusos durante tanto tempo dentro das instalações fazendo experiências não perceberam o que acontecia do lado de fora. Os índios estavam se matando, uns aos outros.

- Parece uma história e tanto, mas Dr. Kevin, mas admito que tenha dificuldades em acreditar nela. – Eduardo crescera vendo filmes de terror e lendo gibis sobre monstros horrendos que só sabiam matar, e não crédito para o que o Dr. Kevin dizia.

- Sei que parece fantástico, mas me deixe terminar.

“No momento em que tentaram sair quase foram mortos pelos monstros que criaram. Mas os suprimentos dentro da instalação estavam acabando e eles precisavam ir embora. Se armaram com tudo que pudessem carregar e saíram em grupo. Foi um massacre, para os dois lados. Os transformados, assim chamaram os seus perseguidores, eram inteligentes e sabiam onde atacar e quando atacar, fazendo vítimas quase sempre. Os cientistas e seus guardas estavam armados até os dentes, por isso matavam vinte vezes mais do que os transformados.

Mas a floresta era grande, os cientistas conseguiram matar quase a totalidade de transformados que estavam na floresta, se não os feria gravemente, apesar disso não dizer muito, eles podiam atacar mesmo sem braços ou pernas. Antes que saíssem da floresta a munição acabara os deixando apenas com facas. Suportaram as investidas soturnas várias vezes, mas aos poucos o número deles diminuía, até que só sobrou um.
Ele carregava o vírus consigo, e inúmeras amostras de sangue. Iria continuar na sede até descobrir como transformar aquilo em algo que poderia ser vendido, droga, remédio, culinário exótica, ele não se importava, queria lucrar e muito encima daquilo.

- Mas essa parte ninguém sabe, apenas eu, e agora você. – Disse com um sorriso.

- Então quer me dizer que o senhor era um dos cientistas? - Eduardo estava segurando o riso, mas seu tom o traiu.

- Creio que você seja esperto o suficiente para deduzir.

- Então o senhor contou ao governo onde ficava a instalação e seus perigos, para que eles erradicassem o problema? - Estava entrando no jogo do Dr. Para ver até onde ele iria.

- Não, seria idiotice, eu seria acusado de meio milhão de crimes. Provavelmente iria ganhar uma perpétua. Apesar de tudo que tive que fazer para sobreviver. Um casal de biólogos pouco tempo depois estavam, sei lá, em lua de mel na floresta. Foi a mulher, a única que saiu de lá viva, ela contou tudo para o governo e possuía a melhor prova de todas, seu marido estava infectado. E em pouco tempo se tornaria agressivo a ponto de não reconhecer ninguém. Então assim o governo tomou parte de meus experimentos e começou suas próprias pesquisas. Eu falo demais, não é?

- Não, eu gosto de escutar histórias.

- Então vou fechar com chave de ouro. Sabe, eu tenho feito meus estudos aqui quase três anos. E ouvi rumores de que finalmente descobriram provas de que eu estava envolvido com essa maldita catástrofe e o pior é que creio não ter álibi para sair impune. Enfim, em poucos dias estarei na prisão. Eu tenho te observado desde que entrou aqui, suas notas são sempre perto do máximo, eu creio não ver um talento assim desde mim mesmo.

- Eu agradeço o elogio. – Desde mim mesmo?, Ed. pensou.

- Sim, sim, não agradeça, pois não sabe seu destino. Nessa sala há todo material que eu consegui analisar, todas as anotações com meus resultados, vários anos de trabalho duro. Mas ainda não achei algo eficiente, só descobri como criar fatalidades e mesmo assim não descobri como curá-la e tenho quase certeza de que essa cura poderia se tornar um produto comercializável para vários problemas. Mas não a encontrei, achei que precisava de motivação e injetei em mim mesmo o vírus e tentei desesperadamente encontrar a cura, mas não cheguei nem mais perto.

- Dr. Eu acho que o senhor teve um dia cansativo, não seria melhor retomarmos nossa conversa outra hora? O senhor está até suando.

- O que eu falei sobre perguntas? Apenas escute. Você vai encontrar essa cura.

- Obrigado por acreditar em mim. Quando começamos a pesquisa em conjunto?

- Quando vai parar de me interromper, garoto? Todos os coelhos que estão aqui estão contaminados, eu me certifiquei de que todos eles se tornassem potencialmente perigosos, mas estão presos em vidros espelhados, só veem a si mesmos. Venha aqui, sente-se, por favor.

Eduardo obedeceu ao Dr. Tentando imaginar onde ele queria chegar com essa brincadeira, seria mais um teste para ver se ele estava apto a começar a trabalhar na empresa?

- Bem, eu vou soltar esses coelhos para que contaminem a população e você, meu jovem, terá o estímulo suficiente para encontrar a cura. Olhe isso.

Dr. Kevin retirou de um dos bolsos de seu jaleco algo que parecia um controle remoto de televisão e apertou alguns botões. E no mesmo instante uma gaiola saiu do chão e prendeu Eduardo. Que foi puxado por uma força enorme para trás e ficou preso contra as grades.

- Mas... O q... O que é isso? O que você está fazendo?

- Peço que não se mova muito, esse jaleco está sendo atraído pelas grades, é um material formidável, não? Eu sempre gostei de magnetismo. Bem, vamos ao que importa. – Então Dr. Kevin tirou os óculos e colocou alguns dedos nos olhos para retirar uma lente. E olhou para o jovem aprisionado.

- Não... Não pode ser... – Eduardo não sabia o que pensar, um dos olhos do Dr. Era vermelho. – Que tipo de piada é essa? Quero que me tire daqui!

- Jovem e cheio de energia, mas tão cético. Eu acho que já disse tudo. Nossa, já ia me esquecendo de duas coisas importantes que eu não escrevi. Quanto menos movimento os transformados veem, mais calmos ficam e nenhum transformado ataca um outro transformado se houver algum que não é por perto. Acho que o que disse por último está escrito, envelhecer é maldição... Bem deixa isso para lá, talvez isso o ajude em algum momento. 

Nesse instante Eduardo já estava ficando nervoso e preocupado, aquele homem parecia louco. Além de tê-lo prendido.

- Quando esses coelhos forem soltos farão inúmeras vítimas, e as que sobreviverem e sofrerem um mínimo arranhão que seja, estarão contaminadas. Sugiro que descubra o mais rápido possível uma cura. Desejo-lhe boa sorte, mas confio totalmente nas suas habilidades. – E apertou outro botão no controle que fez a grande porta de entrada se abrir, apertou outros que fizeram subir um vidro que cercava a cela na qual estava preso.

- É espelhado, não quero que você seja o primeiro a morrer.

Dr. Kevin apertou mais alguns botões e quando ia apertar o último se virou para onde estava a sela.
- Eu não consigo te ver, mas sei que você me vê e me escuta. Essas grades serão abaixadas em exatas... – Olhou no relógio. – Quatro horas e dezessete minutos. Até lá acho que os coelhos já tomaram as ruas, mas talvez ainda haja alguns rondando por aqui. Naquela gaveta tem uma arma. – Disse apontando para o móvel de vidro. – Use-a bem.

Assim apertou o botão e todas as gaiolas se abriram quebrando os vidros espelhados que mantinhas os coelhos calmos. Calmamente alguns coelhos olharam para fora das grades e sentiram cheiro de não transformados o que os levou a ir atrás, fazendo movimentos eufóricos que geraram mais raiva neles mesmos.

Foi uma agitação total, cascatas e mais cascatas de coelhos estavam saindo das gaiolas e correndo de um lado para o outro, alguns já estavam fora da sala e outro corriam na direção do Dr. Kevin.

- Com chave de ouro, não? Eu acho que vou pagar meus pecados. – Disse o Dr., depois sorriu como um louco, gargalhou até vários coelhos o atacarem. Nem cinco minutos haviam se passado e o corpo do Dr. Estava todo dilacerado. Era uma cena horrível, Eduardo não entendia o porquê daquilo. Finalmente aceitou o fato de que o que o Dr. Dissera era verdade, não poderia ser encenação. 

Gritos foi o que ele pode ouvir. Sem poder fazer nada. Só depois de voltar a sentar na cadeira reparou que estava chorando ha bastante tempo. Repousou o rosto nas mãos e se debulhou em um choro infantil. Acabou caindo no sono pouco depois.

Sonhou com coelhos zumbis que atacavam as pessoas, sonhou que estava correndo de um coelho albino, era fofinho e macio, mas os pelos de seu focinho estavam sujos de sangue. Ele parou de olhar para trás e correu mais rápido, até que sentiu o coelho pulando em suas costas e o mordendo.

Acordou, não havia sela, ou coelhos, ou lunáticos suicidas, apenas ele sentado na cadeira com os olhos inchados. Olhou para onde o corpo do Dr. Deveria estar, mas lá só havia sangue. Então era real.

Levantou-se se sentindo rígido por ter dormido em posição desconfortável, se estivou e fio em direção ao móvel que o Dr. Dissera haver uma arma. Abriu o móvel o começou a procurar, quando escutou som de vidro quebrando, quando olhou para ver o que era, sentiu vontade de morrer.

Era o Dr. Kevin, mas parecia um cadáver que andava. Só estava com um dos olhos e esse era vermelho. Praticamente não tinha pele e sangue coagulado tomava o lugar dela. Era um verdadeiro monstro.

Eduardo se apressou na procura da tal arma, mas nada encontrou. O Dr. Se aproximava cada vez mais, até que não teve jeito. Eduardo precisou lutar, mas o Dr. estava forte demais, apesar de já morto. Eduardo chutou sua perna que se quebrou. Desvencilhou-se do Dr. e correu, correu só para perceber que o Dr. o segurava pelo jaleco, mesmo no chão. Eduardo foi puxado com tamanha foça que caiu de costas no chão.
Foi quando viu a uma pistola no armário que ficava a uns cinco metros de distância. Mas já era tarde o Dr. o puxava cada vez mais para perto, estavam tão perto que Eduardo podia até sentir o cheiro de podridão que ele já exalava.

Uma mordida no ombro, que rasgou o jaleco, rasgou a camisa e rasgou a carne. Doeu muito, mas Eduardo pouco sentiu, mais parecia que haviam injetado veneno no seu corpo. Inicialmente ficou dormente e depois começou a arder.

Nesse momento conseguiu tirar o jaleco e correu para o armário, a dor estava aumentando. Fora mordido no ombro, mas mancava de tanto dor. Chegou ao armário pegou a pistola, desarmou a trava como havia visto nos filmes e atirou.

A primeira vez que atirara na vida, mas foram tiros perfeitos. Após descarregar o cartucho inteiro, uma cabeça toda furada era o que restava no chão a sua frente. Forçou-se a chegar mais perto para chutar várias vezes e pisar naquela monstruosidade, não queria que aquilo andando por aí, mesmo depois de morto.
Cansado e com dor desabou no chão com as costas na parede ainda segurando a pistola, colocou o cano na boca, fez uma prece para nem ele sabia quem e puxou o gatilho. Mas nada saiu estava sem balas, gastara tudo no defunto a sua frente. E assim começou a chorar mais.

Fora contaminado ele sabia, não sabia quanto tempo duraria para se transformar naquilo. Sentia medo, medo do que estivesse lá fora e medo do que poderia vir a ser. E novamente dormiu.

Dessa vez sonhou que corria atrás de pessoas assustadas, mas ele só queria ajuda, também estava assustado. O medo crescia mais e mais, as pessoas corriam mais rápido até que alcançou uma garotinha que havia ficado para trás. Pegou em seu braço a fazendo virar para si. Ele queria dizer que estava com tanto medo quanto ela, mas só o que fez foi morder o pescoço da menininha e a deixar sangrando no meio da estrada enquanto, assustado, corria atrás das outras pessoas.

Quando acordou já era noite, sabia pelo relógio que estava em seu pulso. Sentia-se estranho, sentia cheiro de sangue e viu que sangrava no antebraço, sentiu um gosto estranho e levou a mão até a boca e sentiu algo gosmento e quente. Quando olhou para as mãos viu o sangue. Ele se mordera, e perdera muito sangue. Não poderia durar muito mais tempo.

Imaginou sangue, dor, ódio, e muita fome, tudo dentro de sua mente. Ela o lembrava dessas coisas o tempo todo, quase sentia necessidade de tê-los.

Sua visão começou a ficar escurecida e dormiu. Acordou e dormiu várias vezes. Sabendo que chegada era sua hora. Até que chegou uma vez em que acordara e não estava mais com sono. Sentia-se bem, conseguia pensar com certa clareza. Obrigou-se a levantar. Olhou em volta para lembrar-se de onde estava. Olhou para o chão e viu um grande pedaço de espelho, a visão que teve foi de uma pessoa que não conhecia, ela tinha sangue na boca, nas mãos e nos pescoço. Não poderia ser ele, ele tinha os dois olhos castanhos, diferentemente daquele no vidro que tinha um vermelho.

Esqueceu aquilo e se foi procurar por mais sangue, sua adrenalina estava crescendo e os níveis de endorfina haviam aumentado muito. Ele estava feliz e queria se divertir com sangue, mas tinha tão pouco. Então foi ele buscar.

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segunda-feira, 23 de abril de 2012

Apocalipse de Coelhos Zumbis de Willian Eloy, parte I


Dez anos atrás  

Deitados dentro de uma barraca de montar um casal de biólogos apreciava o céu estrelado quase que totalmente escondido atrás das enormes árvores. O céu dava a impressão de que os dois estavam dentro de uma cúpula oculta por copas e mais copas de árvores. 
-Josh, esse lugar é maravilhoso. Deveríamos ter vindo aqui antes. – Exultante, depois de dois dias de pesquisas haviam descoberto duas novas espécies, uma de lagarto e outra de borboleta. 
-Sim, não consigo e nem quero discordar. Só me preocupo um pouco com a distância que estamos da população, somos os primeiros a adentrar tanto essas matas. – Josh sempre fora lógica e um tanto pessimista, era uma ótima pessoa, com um coração enorme. Mas acreditava que o pior estava sempre rondando. 
-Nós trouxemos todo o material necessário, repelentes, kit de primeiros socorros, comida suficiente para mais duas semanas. Estamos ótimos e eu adoro estar aqui, longe dos barulhos da cidade grande. 
-Você tem razão, meu amor. Eu deveria aproveitar mais, afinal, quando teremos a chance de sermos pagos para explorar um lugar tão maravilhoso?
Os dois já estavam a uma semana se embreando na mata fechada do coração verde do Brasil, haviam visto vários animais que só conheciam por livros e fotos, tiveram um encontro perigoso com uma onça, mas o fogo das fogueiras sempre as mantinha bem afastadas, assim como os outros animais caçadores que vagavam livremente pelo verde quase infinito da floresta. 
Crak, crak, crak... 
-Ouviu isso, Deny?
-Ouvi, deve ser apenas algum animal noturno caçando, a fogueira vai manter os perigosos afastados daqui. 
-Eu vou dar uma olhada só para se certificar. 
Deny sabia que nada que dissesse o faria mudar de ideia, então o deixou ir sem rodeios. 
Josh abriu e fechou rapidamente o zíper da barraca por conta dos mosquitos deixando somente a segunda camada aberta. E procurou apurar os ouvidos para escutar os sons e descobrir de onde havia vindo aquele som. 
Crak, crak... 
Dessa vez o som foi bem mais alto e próximo, até Deny se aproximou da entrada da barraca para ver o que estava acontecendo. 
Mais à frente um som de grito quase gutural cortou a mata. Josh pegou uma das peças de madeira bruta sobressalentes da barraca e avançou a empunhando como um bastão. À sua volta podia quase sentir que o farfalhar de folhas era devido ao correr de animais. 
Sabia que deveria ter feito uma fogueira maior, pensou preocupado com que animal poderia estar ali. 
Outro crak e de trás de uma das árvores mais próximas saiu um homem. 
De baixa estatura e cabelo liso, parecia um índio, as únicas coisas estranhas eram o olho direito que parecia muito vermelho e um braço que depois do cotovelo era apenas ossos e tendões, sem pele, com um sangue ainda escorrendo. 
Deny gritou ao ver a cena. Meu Deus, pensou Josh, que logo solto o bastão e correu para ajudar o índio. 
Sua roupa era apenas uma toga e um cordão feito de folhas marrons, de tinta vermelha desenhos enfeitavam o rosto e o peito. O índio estava quase sem consciência, disse meia dúzia de palavras de forma cansada e preocupada. Fechou o olho castanho, mas manteve o vermelho aberto. 
Josh reparou melhor naquele estranho olho e viu que não parecia irritação a íris era vermelha, de um vermelho vivo que parecia se mover por vontade própria. 
Josh sentiu uma mão agarrar seu ombro e se virou de forma brusca e viu que era só Deny com os olhos esbugalhados e tremendo. 
De repente outra mão o toca, dessa vez é uma mão forte e calejada. Dessa vez a mão era o índio que parecia ter desfalecido, a mão que era somente osso e tendão que pressionava seu pescoço. 
Deny gritou novamente, correu para pegar a peça de madeira que Josh havia soltado e voltou correndo para ajudar. Josh naquele momento lutava freneticamente contra um índio aparentemente morto, somente seu braço se apertava contra seu pescoço e aquele olho vermelho o observava como se encontrasse prazer naquela cena. 
Não demorou muito até que um pedaço de madeira fizesse que um braço descarnado se quebrasse e Josh se afastasse, ainda de frente para aquele ser que não poderia ser humano. Levantou-se e tomou o pedaço de madeira da mão de Deny. 
-Rápido, Deny, pegue o repelente aerossol. – Deny nem perguntou o motivo, correu para pegá-lo enquanto Josh ficava parado tossindo e esfregando a garganta em frente à entrada da barraca e esticava a ponta da madeira na fogueira. 
Quando Deny chegou ele jogou repelente na ponta da madeira que ainda não havia pegado fogo e o colocou novamente no fogo que o lambeu e se fixou na ponta da madeira. 
-O que era aquilo, Josh? – Deny estava em estado de choque, lágrimas escorriam pela sua bochecha. 
-Não sei, mas eu tenho quase certeza de que não era a única. Eu ouvi mais sons na mata. Segure isso. – E entregou a madeira em chamas para Deny, que não entendeu muito bem – Eu vou dar uma olhada, mas não irei muito longe, prometo. 
-Por favor, não vá! – Deny segurou firme seu braço enquanto gritava chorando para que ele não fosse. 
-Não vou longe, só vou olhar e volto rápido. 
Josh entrou na barraca, soltou um pedaço de madeira e com o repelente pôs fogo e andou em direção à mata, com Deny ainda insistindo para que não fosse. 
Ouviu farfalhar a sua direta e andou até lá de forma cautelosa, pronto para acertar quem estivesse por lá. Ouviu um som atrás de si e se virou pronto para abater quem fosse, mas parou bruscamente, era só Deny. 
-Eu vou com você. 
Andaram alguns minutos juntos na direção de onde o índio havia saído. Não haviam se afastado muito, quando viram mais dois índios bem parecidos com aquele que morrera. Estavam com feições agressivas e, no corpo, os mesmos desenhos do que os atacou. Mas algo estava diferente, eles estavam ofegantes demais e avançaram de forma a atacar em dupla, apesar de não terem nenhum tipo de arma. 
Foram fechando um círculo em volta do casal, que ficaram de costas um para o outro segurando firmemente as madeiras incendiadas. Os índios pararam quase no mesmo instante e os quatro olharam ao mesmo tempo quando um outro índio surgiu da mata. 
Os dois índios ficaram tensos enquanto o recém-aparecido andava na direção deles. Um deles tomou a madeira de Deny e correu na direção dele. Antes mesmo de chegar perto já havia saltado pronto para descer o bastão com toda força no índio, que Josh reparou nesse momento ter os olhos vermelhos, os dois. 
A pancada foi violenta e acertou em cheio o ombro daquele estranho ser, o ombro se deslocou e todos ouviram o som de ossos quebrando. No lugar que antes estava o ombro, agora só havia uma irregularidade profunda. Mas isso não pareceu surpreender o estranho, que puxou com força o bastão e antes que seu atacante pudesse se defender o fez perfurar sua barriga. 
E ali morreu mais um indígena, Josh e Deny estavam sem entender nada, o mundo ficara louco, que tipo de homens eram esses? Isso não poderia existir, só poderiam estar em um pesadelo. 

O outro índio que ainda estava perto de Josh estendeu a mão para ele pedindo a madeira, Josh vendo que o índio com o ombro quebrado vinha andando o entregou, confiando naquele que a pouco estava o cercando. Bem, ao menos seus olhos eram castanhos sem sinal de vermelho. 
Automaticamente o índio brandiu contra a cabeça do outro o derrubando, Josh aproveitou para apanhar o outro pedaço de madeira e ajudou o índio a destrinchar o indígena caído, que mesmo com vários ossos quebrados ainda se movia tentando agarrá-los. 
Somente depois de muito bater o índio parou de se mexer e os dois pararam os golpes, se olharam nos olhos e fizeram um tipo de comunicação. Josh entendeu que existiam índios de verdade e outras coisas que se passavam por índios. 
-Josh – Falou o próprio apontando para si mesmo. 
-Tupia – Disse o índio fazendo o mesmo gesto. 
Era certo que não falavam o mesmo idioma, aquele índio provavelmente fazia parte de uma tribo ainda desconhecida da civilização. 
Josh fez um sinal a Tupia para que lhe acompanhasse, e ele o seguiu. Josh abraçou Deny que não dissera uma palavra desde a aparição dos índios, ela estava tremendo mais forte e não estava com os olhos fixos em nenhum ponto. Josh a segurou pelo braço e a puxou, ela foi facilmente acompanhando os passos dele. Tupia olhou bem nos olhos de Josh e depois nos olhos de Deny e esperou enquanto eles tomavam a frente. 
O caminho de volta foi bem mais demorado, pois se perderam duas vezes, mas chegaram à clareira onde haviam montado sua barraca. 
A fogueira ainda crepitava como se aquela fosse uma madrugada normal, ao se aproximarem, mas não encontraram o índio que os atacara mais cedo. A barraca estava virada e com algumas partes quebradas. 
Josh correu para dentro, pegou todos os itens que poderia carregar, desde remédios a relatórios. Tomou nas mãos a bússola, encheu uma mochila com alimentos e a pôs sobre suas costas e a mais leve com os outros itens nas costas de Deny, que ainda não dera sinal de lucidez. 
O dia começou a tomar uma cor azulada, alguns raios preguiçosos cortavam uma ou outra árvore causando um efeito lindo, quando insetos passavam voando por elas. 
Eles estavam tomando rumo para voltar à civilização, Josh tentou explicar isso para Tupia, que aparentemente entendeu. Tupia pegou uns papéis no chão e desenhou casinhas em chamas. Josh deduziu que as casas onde ele habitava haviam sido destruídas, então desenhou os três andando juntos e apontou para onde iriam. Tupia disse algumas palavras que Josh não conhecia e apontou para a mochila de Deny.  
Depois de vesti-lo com algumas roupas mais apropriadas pôs sobre ele a mochila de Deny e foram os três caminhando para o fim daquele pesadelo.

Willian Eloy

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