Era uma quinta-feira como outra qualquer. Raquel havia se levantado, organizado suas coisas e saiu para o trabalho sob o céu cinzento de Londres. O clima estava agradável, afinal, ela já tinha visto climas piores na cidade.
Morava no bairro de Kensington, um bairro próximo ao centro comercial da cidade e do seu trabalho.
Sendo funcionária de uma grande multinacional chamada Northon Eletronics, ela foi mandada a Londres para estreitar relações comerciais entre sua empresa e uma grande companhia produtora de materiais elétricos.
Enquanto caminhava em direção a estação de metrô, que ficava a cerca de três quarteirões do edifício de onde morava, observava toda a estrutura arquitetônica da cidade, que era conhecida por preservar suas características da época medieval. Era uma cidade tão bela que, quanto mais tempo ficava lá, mais se apaixonava pela cidade.
Raquel ia atravessando uma rua, quando de repente, um rato passa correndo na sua frente. Tamanho foi o pavor que sentiu no momento que ela soltou um grito estridente e caiu no chão. O fato assustou as pessoas que passavam pelo local no momento e essas pessoas ficaram ainda mais preocupadas quando viram que, na rua em que havia acontecido o incidente, vinha um carro em alta velocidade.
― Cuidado! ― gritou algum homem na rua.
Ela só teve tempo para olhar para o lado. Quando ela viu, o tumulto já tinha tomado conta do bairro.
O motorista do carro, uma Mercedez branca, quando viu a moça caída, tentara frear o carro, mas tamanha era a velocidade que parar o carro naquelas circunstâncias seria um ato quase impossível de ser feito.
O motorista do carro, uma Mercedez branca, quando viu a moça caída, tentara frear o carro, mas tamanha era a velocidade que parar o carro naquelas circunstâncias seria um ato quase impossível de ser feito.
Ele tentou, por fim, desviar o carro. Bateu em dois carros que estavam estacionados na rua. Pessoas olhavam assustadas, enquanto outras tentavam ligar para a polícia ou para os bombeiros. Ninguém sabia direito o que estava acontecendo, mas alguma coisa os mandava tomar alguma atitude. Talvez fosse a obrigação social para com o próximo.
Raquel estava caída, observando a tudo, sem dizer uma palavra. Sentia-se pressionada, uma vez que havia se formado um círculo de pessoas ao seu redor. Tentava se levantar, apesar da dor que sentia nas costas causada pela queda brusca. Ela já estava sobre seus joelhos, quando ouviu uma porta bater com força e um homem com muita raiva se aproximando.
― Você tá louca? Você viu o que você fez com o meu carro? ― Ele estava muito nervoso e, se não fosse por algumas pessoas o segurarem, provavelmente ele teria feito alguma coisa da qual se arrependeria pelo resto de sua vida.
― Eu não tenho culpa se você estava em alta velocidade em uma rua residencial, seu maluco!
De repente, ouvem-se sirenes se aproximando. Era a polícia.
― O que está acontecendo aqui? O que é toda essa bagunça? ― O oficial da polícia era um homem baixo e estava acompanhado de um garoto que parecia novo no ramo.
O policial olhou para toda a cena. Tentou dispersar algumas pessoas do local, o que foi em vão já que as pessoas estavam curiosas para saber o que iria acontecer com o homem e com aquela moça que agora estava em pé, tentando limpar suas roupas que ficaram muito sujas após a queda na rua.
― Segurem aquele rapaz ― algum homem gritou na rua. Era tarde demais. O homem da Mercedez branca já havia desaparecido.
Passada toda a confusão, Raquel seguia para a estação do metrô. Ela tentava compreender como teria aparecido um rato no meio da manhã na rua. A cidade de Londres era conhecida por ser muito limpa, então não tinha como haver ratos naquele lugar.
O resto do dia seguiu normalmente, sem nenhum evento que pudesse ser considerado anormal.
Enquanto seguia pelos quarteirões que separavam a estação da sua casa, prestava atenção em qualquer movimentação que pudesse existir em seus pés. Talvez a idéia de que haveria ratos naquela região tenha ficado fixa em sua cabeça.
Porém, enquanto observava o chão, esquecera de olhar para o céu. Rajadas verdes atravessavam o céu escuro, mas ninguém prestava atenção. Afinal, aquilo podia ser sintoma de cansaço.
Quando Raquel percebeu, o pânico já havia tomado conta da sua rua. Ratos espalhavam-se por todos os cantos. Gritos histéricos invadiam a rua. Pessoas corriam para todos os lados.
Com o choque, ela ficou parada no lugar onde estava. Era a esquina da rua onde havia acontecido toda a confusão na manhã do mesmo dia. Já não havia tantos carros estacionados ali e nem a mesma concentração de pessoas.
Rajadas verdes continuavam a cortar o céu quando de repente, uma nave aparece sobre a cabeça de Raquel. Ela tenta correr, mas os ratos que estavam na sua frente a impediram. Sem poder fazer nada, ela apenas observava os movimentos dos ratos. Eles pareciam ratos normais, com exceção dos olhos. Só quando pôde observar melhor é que ela notou seus olhos. Eram de um verde escuro e tinham um poder hipnótico que nem mesmo Raquel, que tinha pavor de ratos, conseguiu ter uma reação.
Foi quando uma projeção surgiu na sua frente. Era uma projeção de um rato branco, que estava em pé sobre suas patas traseiras.
― Humana, você foi a nossa escolhida para ser nossa vigia desse planeta que só serve para atrapalhar nossos planos.
― Como assim? ― na verdade, a pergunta tinha dois sentidos. Ela não sabia como ela estava conversando com um rato e o que ele estava querendo dizer sobre o planeta.
― Esse planeta não serve para nada na nossa dominação do universo. É mais um elemento cheio de parasitas que só nos atrapalham. E eu, Rathop Tueronóvisk, líder desta dominação, declaro este planeta como nosso!
Vários ratos pulavam. Ouvia-se um grunhido estranho, como se estes ratos estivessem gritando de alegria. Raquel não sabia o que fazer. Sabia que não havia como fugir daquele lugar, sabia que talvez aquilo fosse uma loucura.
― Quem é você para me dizer o que fazer seu rato imundo?
― Quem é você para me dizer o que fazer seu rato imundo?
Os grunhidos pararam. Os ratos a encaravam com um olhar mortal, prontos para atacar a qualquer movimento brusco que fizesse. Rathop Tueronóvisk parecia muito irritado.
Se não fosse por uma Mercedez branca que parou ao lado do lugar que Raquel estava, provavelmente ela já estaria morta. O carro dispersou vários ratos que se encontravam no local. As pessoas do local tentavam se esconder em lojas, mas os ratos vinham de um planeta chamado Koralmah, localizada em uma galáxia muito distante do planeta terra e eram muito desenvolvidos intelectualmente. Eles entravam por pequenos buracos no teto ou nas paredes devido ao seu corpo maleável. As pessoas já não sabiam se corriam ou se ficavam paradas, torcendo para que os ratos não percebessem sua presença.
O que ninguém sabia era que, com uma mordida daquele rato alienígena, seu corpo começava a se deteriorar e em questão de horas, a pessoa estaria com seu corpo atrofiado e fraco e provavelmente morreria de frio.
De dentro da Mercedez saiu o mesmo homem que quase havia atropelado Raquel naquela manhã. É claro que ela não podia negar qualquer tipo de ajuda, mas tinha que haver algum tipo de explicação para tudo aquilo.
― Acredito que você já causou muita bagunça por aqui, Rathop.
― Thieteph, o grande imperador do universo? Como isso é possível?
― Como imperador do universo, você não acha que eu teria alguns contatos? Eu sempre estive um passo a sua frente.
― Acredito que você já causou muita bagunça por aqui, Rathop.
― Thieteph, o grande imperador do universo? Como isso é possível?
― Como imperador do universo, você não acha que eu teria alguns contatos? Eu sempre estive um passo a sua frente.
Raquel olhava para aquilo sem entender nada. Ratos alienígenas estavam querendo dominar a terra e agora o imperador do universo estava salvando-a?
― Eu vim para a Terra para ter informações mais detalhadas sobre o seu plano. Agi como humano durante alguns meses terráqueos e tive experiências o suficiente para saber seus pontos fracos. E como eu sabia que você queria a dominação universal, fui atrás de pistas sobre o seu próximo passo e aqui estamos.
Rathod parecia muito nervoso. O aparecimento de Thieteph era o que ele menos esperava. Aquilo definitivamente não estava em seus planos. Vendo que seu plano não daria certo, fez algum tipo de grunhido que fez com que todos os ratos retornassem para a sua nave e parassem de atacar os humanos.
― Isso terá volta, Thieteph.
― Mal posso esperar.
― Isso terá volta, Thieteph.
― Mal posso esperar.
Então a projeção de Rathop sumiu e a nave em que estavam todos os ratos alienígenas sumiu em meio a imensidão do céu escuro.
Raquel continuava sem saber o que exatamente tinha acontecido e somente depois que Thieteph a chamou algumas vezes é que ela foi perceber que todos os ratos já haviam ido embora. Olhou para os lados e viu o desespero das pessoas. Muitas estavam machucadas, outras chorando desesperadas, outras procurando seus familiares que tinham sumido no meio da confusão.
― Não se preocupe humana, amanhã quando acordar, terá a sensação de que isso foi só um sonho. As pessoas que perderam seus familiares pensarão que eles estão há tempos mortos. As pessoas que acordarem fracas, irão perceber que já estão há tempos doentes. Só me prometa que não esquecerá que o perigo de outra invasão sempre existirá.
― Não se preocupe humana, amanhã quando acordar, terá a sensação de que isso foi só um sonho. As pessoas que perderam seus familiares pensarão que eles estão há tempos mortos. As pessoas que acordarem fracas, irão perceber que já estão há tempos doentes. Só me prometa que não esquecerá que o perigo de outra invasão sempre existirá.
Raquel assentiu com a cabeça e atordoada, só conseguiu seguir automaticamente para a sua casa. Lá chegando, só conseguiu deitar e ter um dos piores pesadelos que já tivera em toda a sua vida.
No dia seguinte, quando estava preparando seu café da manhã, teve a sensação de estar sendo observada. Quando olhou para trás, viu um rato correndo em direção a um buraco. Poderia ser loucura ou não, mas ela tinha certeza de que seus olhos eram verdes.
Luara Cardoso
Nenhum comentário:
Postar um comentário