sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A Orquestra Zumbi que Hipnotiza as Vítimas Humanas com suas Músicas

Eram aproximadamente duas da tarde quando Sandra recebeu uma ligação de Paulo:

 Oi Paulo, tudo bem?

 Tudo sim, Sandra. Só liguei pra confirmar se você vai hoje à noite com a gente pra apresentação da Orquestra Zumbido Harmônico.

 Ah sim, claro que eu vou, não perderia por nada. Todos falam desse show a meses, a estreia deles promete.

 Então tudo bem, te vejo no Teatro Municipal às oito horas!

 Ok então  e desliga o telefone.

Sandra e Paulo, juntamente com Fernanda e Bia, eram estudantes de música e, como bons amantes de música que são, não poderiam perder a maior estreia do ano, de uma nova Orquestra do Estado, que reuniu alguns dos melhores músicos contemporâneos.

Ao chegar no local, Sandra logo avistou Bia e Fernanda, guardando um lugar pra ela e acenando para que ela se apressasse.

 Onde está o Paulo ― disse Sandra. 

 Ligou dizendo que vai se atrasar por causa do trânsito ― respondeu Bia, prontamente. 

 Hum, entendo ― disse Sandra, com um olhar de desapontamento.  Mas então, como... 

 Shhi, vai começar! ― disse Fernanda, cortando o assunto entre as outras duas. 

Ao abrir das cortinas, podia-se observar que os instrumentos estavam já posicionados, com exceção dos instrumentos pequenos, como violinos, flautas, clarinetes, trompetes, etc.

Os tão aguardados músicos entraram no palco devagar e aos poucos; porém era possível notar algo de diferente em seu andar e em sua aparência (alguns até pareciam familiares para Sandra, mas ela não podia se lembrar de onde os havia visto, por causa da luz fraca do palco, que tornou difícil de ver): suas roupas eram finas, ternos de primeira; mas quando digo eram, quero dizer que deveriam ter sido assim um dia, pois a esta altura, tornaram-se velhas, rasgadas, aos trapos.

Seu caminhar também não era dos melhores, alguns davam a entender que se arrastavam, outros mancavam e Sandra podia jurar que os ouvia gemer melancolicamente.

A multidão, ainda meio perplexa, pôs-se a aplaudir os músicos, que agora encontravam-se todos sentados em seus devidos lugares. A luz da plateia apagou-se e aos poucos a luz do palco foi ficando mais forte. Em seguida o maestro se vira para a plateia e faz uma reverência; para o espanto de todos, sua aparência era cadavérica. O comentário foi geral, muitos estavam perplexos.

Então finalmente, as luzes abaixaram um pouco, se mantendo em um nível confortável o suficiente para a plateia e os músicos.

Ao sinal do maestro, os músicos começaram a tocar e deu-se início ao espetáculo da noite.

Após algum tempo, iniciada a apresentação, Sandra já havia reparado traços conhecidos nas composições da Orquestra. Traços esses muito similares aos dos músicos que ela havia estudado na faculdade.

Foi no início do intervalo, quando as luzes novamente se intensificaram no palco, que Sandra lembrou-se de onde havia visto todos aqueles rostos familiares. Eram os mesmos rostos das fotos de seus livros, aqueles mesmos livros que continham os traços dos já falecidos mestres da música.

Com uma mistura de sentimentos que ela nunca havia sentido, algo como medo, empolgação e perplexidade. Ela então se recompôs e passou os minutos seguintes tentando imaginar como isso era possível. Foi nesse momento que Paulo chegou e a tocou no ombro e disse:

 Sandra, porque todos estão tão vidrados na música? Nem ao menos piscam! 

 Co-como assim?...  ela olhou para os lados e o que viu a deixou preocupada. 

Antes que ela pudesse tirar qualquer conclusão, a música parou e os músicos se levantaram e sem mais nem menos, pularam na plateia e começaram a fazer o que parecia com um lobo que come um filhote de cervo, indefeso e imóvel.

Sandra deu um grito, e Paulo logo lhe tapou a boca, fazendo sinal para que ela ficasse quieta, mas já era tarde demais, os músicos haviam ouvido e estavam indo em direção a ambos e antes que pudessem fugir, olharam para as saídas no exato momento em que estavam sendo trancadas.

Paulo pôs-se à frente de Sandra, tentando avidamente protegê-la para levá-la em direção à porta, na esperança que ainda estivesse aberta. Mas tudo foi em vão, já que ao chegarem, notaram as portas trancadas à sua frente, e atrás deles uma horda do que para eles pareciam músicos canibais enlouquecidos. À medida que o fim se aproximava, Sandra se agarrou forte ao braço de Paulo e disse:

 Paulo, eu te amo, eu sempre te amei! Me desculpe por nunca ter tido a coragem de dizer isso; tudo podia ter sido dife... e como que por instinto, Paulo se vira e a beija de uma tal maneira, que tudo em volta pareceu desaparecer em êxtase e naquele momento nada mais importava, nem mesmo a morte iminente. 

Enquanto isso, no camarote cinco do teatro, dois homens observavam a cena do escuro. Ambos sorriam de maneira sinistra, com um momento de satisfação. Então um dos homens se levanta e faz uma ligação:

 Diga a eles que o teste foi um sucesso. Sem sobreviventes. Iniciem a Fase 2.

2 comentários:

  1. Agora eu quero saber qual é a fase 2. ASHUAHSUA
    Adorei Felipe, parabéns!

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  2. Também estou curioso quanto à fase 2:D. Acho que o Felipe também está!

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